segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Música Brasileira: Chorinho

Esse gênero, (que na minha opinião, é uma das expressões mais autênticas da música brasileira) surgiu da mistura de elementos das danças de salão européias (como o schottisch, a valsa, o minueto e, especialmente, a polca) da música popular portuguesa e da música africana, reflexo da miscigenação presente na cultura brasileira A princípio, era apenas uma maneira mais emotiva, chorosa, de interpretar uma melodia, cujos praticantes eram chamados de chorões, mas foi tornando-se cada vez mais afamado o virtuosismo dos instrumentistas e sua capacidade de improvisação.

A origem do termo choro é controvertida. Para o folclorista Luís da Câmara Cascudo, esse nome vem de xolo, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, enquanto, por outro lado, Ary Vasconcelos sugere que o termo liga-se à corporação musical dos choromeleiros, muito atuantes no período colonial. José Ramos Tinhorão defende outro ponto de vista: explica a origem do termo choro por meio da sensação de melancolia transmitida pelas baixarias do violão. Já o músico Henrique Cazes, autor do livro Choro – Do Quintal ao Municipal, a obra mais completa já publicada até hoje sobre esse gênero, defende a tese de que o termo decorreu desse jeito marcadamente sentimental de abrasileirar as danças européias. 
Como gênero, o choro só tomou forma na primeira década do século 20, mas sua história começa em meados do século XIX, época em que as danças de salão passaram a ser importadas da Europa, principalmente para a capital do "choro": o Rio de Janeiro. A abolição do tráfico de escravos, em 1850, provocou o surgimento de uma classe média urbana (composta por pequenos comerciantes e funcionários públicos, geralmente de origem negra), segmento de público que mais se interessou por esse gênero de música. 

A estrutura musical do choro geralmente possui três partes (ou duas, posteriormente), que seguem a forma rondó (sempre se volta à primeira parte, depois de passar por cada uma).
Vários músicos e compositores contribuíram para que esse maneirismo inicial se transformasse em gênero. Autor da polca Flor Amorosa, que é tocada até hoje pelos chorões, Joaquim Antonio da Silva Callado foi professor de flauta do Conservatório de Música do Rio de Janeiro. De seu grupo fazia parte a pioneira maestrina Chiquinha Gonzaga, não só a primeira chorona, mas também a primeira pianista do gênero. Em 1897, Chiquinha escreveu para uma opereta o cateretê Corta-Jaca, uma das maiores contribuições ao repertório do choro. Outro pioneiro foi o clarinetista e compositor carioca Anacleto de Medeiros, que realizou as primeiras gravações do gênero, em 1902, à frente da Banda do Corpo de Bombeiros. Assim como outros registros posteriores, essas gravações indicam que a improvisação ainda não fazia parte da bagagem musical dos chorões naquela época. 
                                 http://www.youtube.com/watch?v=bvgOB3eohTI

A obra de Ernesto Nazareth, que desde cedo extrapolou as fronteiras entre a música popular e a erudita foi essência para a linguagem deste gênero. O autor de clássicos como Brejeiro, Odeon e Apanhei-te Cavaquinho destacou-se como criador de tangos brasileiros e valsas, mas de fato exercitou todos os gêneros musicais mais comuns daquela época, tendo sua obra definitivamente integrada ao repertório básico dos chorões nos anos 40 e 50, por meio das gravações de Jacob do Bandolim e Garoto. 
                             www.youtube.com/watch?v=cT1y8Jh9ux4 


O introdutor de elementos da música afro-brasileira e da música rural nas polcas, valsas, tangos e schottische dos chorões foi Pixinguinha. É o caso do maxixe Os Oito Batutas, gravado em 1918, cujo título antecipou o nome do primeiro conjunto a conquistar fama na história da música brasileira. Protagonistas de uma polêmica temporada de seis meses em Paris, no ano de 1922, Pixinguinha e seus parceiros na banda Os Batutas (um septeto, na verdade) dividiram a imprensa e o meio musical brasileiro, entre demonstrações de ufanismo e desqualificação. Foi também sob duras críticas que Lamentos (de 1928) e Carinhoso (composto em 1917 e só gravado pela primeira vez em 28), dois inovadores choros de Pixinguinha, foram recebidos pela crítica. O fato de ambos terem sido feitos em duas partes, em vez de três, foi interpretado pelo preconceituoso crítico Cruz Cordeiro como uma inaceitável influência do jazz. 


Outra personalidade de peso na história do gênero foi o carioca Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim, famoso não só por seu virtuosismo como instrumentista, mas também pelas rodas de choro que promovia em sua casa, nos anos 50 e 60. Sem falar na importância de choros de sua autoria, como Remeleixo, Noites Cariocas e Doce de Coco, que fazem parte do repertório clássico do gênero. Contemporâneo de Jacob, Waldir Azevedo superou-o em termos de sucesso comercial, graças a seu pioneiro cavaquinho e choros de apelo bem popular que veio a compor, como Brasileirinho (lançado em 1949) ePedacinhos do Céu. Além desses, não podemos esquecer de: Luiz Americano, saxofonista e clarinetista, integrante do Trio Carioca na década de 30; Severino Araújo que foi dos exemplos de união entre o choro e o jazz, ao adaptar choros à linguagem das big bands. Garoto, foi um dos principais expoentes do choro antes da década de 50, com melodias baseadas nos mais diversos ritmos (sambas, boleros, fox, xotes, entre outros) que ganharam letra de vários parceiros, tornando muitas dessas músicas em sucessos que marcaram diversas épocas do cenário musical nacional. Além de compositor, tocava violão, violão tenor, bandolim, cavaquinho, guitarra havaiana e banjo, entre outros, tendo por isso recebido o apelido de "o gênio das cordas".


A formação do conjunto é feita por um ou mais instrumentos melódicos, como flauta, bandolim e cavaquinho, que executam a melodia; o cavaquinho tem um importante papel rítmico e também assume parte da harmonia; um ou mais violões e o violão de sete cordas, formam a base harmônica do conjunto e o pandeiro atua na marcação do ritmo base.

Piano

No início, era muito comum no choro o piano, instrumento de pioneiros como Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga. Os pianistas que tocavam choro eram, por vezes, chamados "pianeiros".





Flauta

 A flauta era o instrumento de Joaquim Callado, um dos primeiros chorões. Sempre foi muito utilizada no choro, tanto a flauta comum quanto o piccolo. Ao longo da história do choro, sempre houve, no gênero, flautistas notáveis, como Benedito Lacerda, Patápio Silva e Altamiro Carrilho.

Violão de 7 cordas

No choro, além do violão de seis cordas, existe o violão de sete cordas, introduzido nos regionais provavelmente pelo violonista Tute, quando procurava notas mais graves para a chamada baixaria. A princípio a corda utilizada era uma corda C de violoncelo, afinada também em C. Depois, surgiram as cordas específicas para esse fim no violão. As cordas específicas possibilitaram que muitos chorões optassem por afinar a sétima corda em B (o que era impossível com a corda de violoncelo, que ficava muito frouxa se afinada em B), seguindo mais à risca a lógica da afinação do violão e ganhando um semitom a mais para o grave. A partir da década de 1950, teve como seu maior expoente Dino 7 Cordas, que influenciou grandes nomes da geração seguinte de violonistas, como Raphael Rabello e Yamandú Costa.



Pandeiro

O pandeiro foi introduzido no choro por João da Baiana, no início do século XX. Até então, o instrumento era relegado ao batuque, sendo rejeitado pelos que tocavam o choro, considerado uma música mais elaborada que o samba e o batuque.






Saxofone



O saxofone deve sua importância no choro a Pixinguinha. A importância do instrumento levou compositores a mencioná-lo nos títulos de suas músicas, como "Por que chora, Saxofone" e "Sax soprano magoado".
Outro grande chorão saxofonista foi o pernambucano K-Ximbinho.








Bandolim




O bandolim tem timbre, região e digitação muito adequados ao solo, além de ser um instrumento com boa ressonância e projeção sonora. Jacob Bittencourt tornou o bandolim, que já era utilizado no choro desde o início do século XX, um dos símbolos do choro. A ele se seguiram, entre outros, Joel Nascimento e Hamilton de Holanda. 


Cavaquinho



Originalmente, o cavaquinho, por suas características técnicas – como a pouca ressonância –, era considerado apenas um instrumento de “centro”, ou seja, um instrumento harmônico-rítmico utilizado apenas na base do conjunto. Entretanto, com a melhoria de recursos acústicos e eletrônicos (como o pedal de reverb), passou também a solista. O cavaquinho ganhou notoriedade como instrumento melódico a partir de Waldir Azevedo. 






Trombone



O trombone é um instrumento presente no choro desde, pelo menos, o início do século XX. O trombonista Candinho foi um dos pioneiros do instrumento no gênero. Um dos trombonistas de choro mais conhecidos é Raul de Barros, autor do clássico Na Glória. Outro conhecido trombonista de choro é Zé da Velha. 

O choro alcançou no cenário mundial e ainda é presente em outros países como França, Italia, Estados Unidos e Japão. Enquanto no Brasil ainda há grupos de choros, mas principalmente ocorre a agregação do choro a outros gêneros, formando músicas que não chegam a ser Choro, mas tem sua tendência, como ocorre por exemplo em músicas de Chico Buarque - http://www.youtube.com/watch?v=vlFvLFzldJ0                                                                                    

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